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quarta-feira, 20 de março de 2013

Impressões: O sentido de um fim - Julian Barnes

   



   De vez em quando nos deparamos com uma leitura um pouco mais intrigante, até especial. Foi isso que aconteceu comigo nos último dias.


Livro: O Sentido de um Fim ( The sense of an ending )
Autor: Julian Barnes
Editora: Rocco, 2012 ( 159 páginas )


O design da capa é simples mas muito belo
   Esse é um livrinho que engana, passei a maior parte da leitura considerando o "fim" do título tão somente como o fim da vida, mas é muito mais que isso. Julian Barnes utiliza seu personagem Tony, um senhor divorciado que passa da marca dos sessenta, para dialogar livre e profundamente com o leitor sobre várias questões filosóficas. 
   
  Um acontecimento na vida de Tony obriga a rever os anos de colégio, as relações com amigos e namoradas da época, a consequência é uma analise da sua vida, e descobrir que talvez ele a tenha deixado passar, aceitado a vida que veio, reprimido algumas memorias. E assim acompanhamos as reflexões desse homem tão comum mas tão interessante. Em momento algum a narrativa parece um texto acadêmico e é repleto de questionamentos. 

   Separado em duas partes, a primeira com relatos da sua vida no colégio e os amigos, um deles em especial, extremamente inteligente e que considerava muito, fazia-o refletir. A segunda já no presente quando recebe de herança uma quantia em dinheiro e uma carta, mas um item faltando no espolio vai obriga-lo a entrar em contato com uma antiga namorada e com isso rever emoções e lembranças. 

   Na juventude a contraposição com a vida de personagens de romances, as ideologias que deveriam ser seguidas a risca, a ilusão do saber, o sentido de que não podemos desperdiçar a vida que temos: controle e "aventura". 

   Na velhice a batalha com nossas memorias - "História é aquela certeza fabricada no instante em que as imperfeições da memória se encontram com as falhas da documentação". A comparação com os ideais da juventude, a descoberta de verdades do nosso passado. 
Esse é senhor de 67 anos que vai roubar sua atenção

   Como eu disse, apesar de falar muito do passado de um senhor de idade o autor não deixa de dialogar com todos que queiram ler, a questão da idade é quase que um disfarce. Fiz muitas marcações no livro dentre frases que marcaram e idéias que me fizeram pensar, mas fico com o sentimento que deixei passar muita coisa também. 

   Acho que o que me fez sentir apego com o livro foram os pensamentos que tive baseado na história, a escrita/narrativa em si não me chamou atenção em especial, mesmo a história é muito simples, não é uma grande trama com vários pontos diferentes, um simples resumo poderia fazer o livro parecerem entediante na verdade.

   Mas não é o caso de como está escrito, e sim do que está lá, depois da superfície. Senti prazer e angustia durante a leitura, a edição com capa dura em inglês entrou para minha lista de urgência. Você pode ler sem medo, vale a pena para pensar sobre o fim; o fim vida, dos relacionamentos, dos desejos, dos enganos, das memórias...

























quinta-feira, 14 de março de 2013

Impressões: A Revolução dos Bichos




Título: A Revolução dos Bichos  [ Animal Farm ] 
Autor: Geoge Orwell 
Editora: Companhia das Letras, 2007. 152 páginas. 
Preço: R$17 ~R$26 ( pesquisa realizada na data da resenha ) 


   Em uma fazenda na Inglaterra os animais se reúnem em volta do "Major", o animal mais velho e mais sábio , perto da morte ele quer transmitir aos seus colegas sua sabedoria de vida e abrir seus olhos para como tem sido tratados pelo fazendeiro Jones, assim como o futuro que os aguarda, fala também sobre a revolução, quando os animais se tornarão seus próprios mestres e os humanos deixaram de ser a espécie dominante. Após sua morte os animais da fazenda, liderados por dois porcos (Bola de Neve e Napoleão), tomam a fazenda de Jones a renomeiam de "Granja dos Bichos"

   A partir desse ponto os animais se organizam instituindo regras para o bem comum e para diferencia-los dos humanos, votam sobre os deveres e atividades da granja e trabalham de forma igualitária. Bola de Neve e Napoleão que aprenderam a ler e escrever são polarizados como lideres, colocando pautas e debatendo idéias para votação, até que um deles vai sofre um golpe do outro sendo expulso a força da fazenda. 

   George Orwell desenha sua história e os acontecimentos de acordo com o modelo básico de uma tomada da ditadura de esquerda, a tomado dos porcos do poder, a  imposição de regras, manipulação da verdade, demostrações de crueldade e força.

   Apesar de utilizar os elementos infantis da fabula o autor foi capaz de descrever todo conteúdo adulto necessário ao livro. É uma excelente introdução para as literaturas distópicas, principalmente "1984" por introduzir todos os temas abordados nesses livros de maneira simples e até didática.

   Os personagens fazem a história no livro, cada animal representa um dos extremos de personalidade que afloram em ditaduras, ovelhas que são seguidoras cegas, cavalos muito trabalhadores e crentes apesar de tudo, porcos manipuladores ( com destaque especial para "Garganta" , muito divertido! E desempenha um papel de muita importância ).

   Apesar do foco no socialismo/comunismo eu considero que as idéias aplicadas se encaixam perfeitamente em todo tipo de ditadura, incluindo as religiosas e conservadoras. Um livro rápido, com muito conhecimento e lúdico, com a narrativa inteligente, bem escrita e sem exageros. É dos livros obrigatórios as estantes. 




Fotos: 





domingo, 10 de março de 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

Os Direitos do Leitor #1



...O direito de abandonar um livro...

   O último sábado foi uma saga pouco divertida para mim. Havia me programado para passar um dia muito prazeroso em busca de livros e apreciando música que eu amo, mas as leis da física e de Murphy são constantes. Sai atrasado de casa e tive de correr o resto do dia, ao chegar em um sebo na Liberdade não encontrei a edição especifica do livro O Rei do Inverno ( CORNWELL , Bernard. Editora Record ) que eu procurava e que constava na estante virtual.  

   Corri também para a biblioteca com a intenção de retirar dois livros: O Colecionador ( FOWLES, John. Editora Abril Cultura ) e A Revolução dos Bichos (ORWELL, George. Editora Cia das Letras ), os dois constavam como "disponíveis" no sistema da biblioteca, mas como sempre acontece lá, não consegui encontrar um deles; no caso "A revolução dos bichos". Depois de procurar um pouco nas prateleiras em volta e nos carrinhos de devolução desisti da busca por que estava atrasado para um compromisso com uma amiga. Mas nesse momento meus olho bateram no livro Os resíduos do dia ( ISHIGURO, Kazuo. Editora Cia das Letras ), fui logo atraído pela belíssima capa e me lembrei que ele estava na minha lista de "vou ler" no skoob. Levei esse e comecei a leitura no mesmo dia.


   Premiado com o Booker Prize de 1989, considerado um clássico da literatura mundial, aclamado nas resenhas de Brasileiros e bloguers de vários outros países como uma história sensível, profunda e emocionante. Um currículo e tanto para qualquer livro  - fico até sem graça de dizer que não gostei. Nem se quer um pouco.

   O livro segue as relembranças de um mordomo inglês chamado Stevens em uma viagem pelos campos ingleses para reencontrar uma antiga amiga e paixão com quem trabalhou na mesma casa que Stevens continua a prestar serviços ( que na época pertencia a um senhor diferente ). Essa lembranças giram em torno de ocasiões durante o período entre as grandes guerras mundiais, das reuniões na mansão de Lord Darlington e o envolvimento desse patrão com a acensão nazista. Tudo isso misturado a vida pessoal de Stevens e com seus pensamentos sobre os deveres de um bom mordomo. 

   Esse texto não serve como resenha ou impressão de leitura já que não passei da metade do livro antes de abandona-lo, o primeiro a ser colocado nessa aba do meu skoob. Me lembrei muito durante a leitura de uma coisa que a Juliana Gervason comenta de vez em quando, que ela se dá o direito de abandonar um livro quando não gosta da leitura. Eu entendo a sensação de todos os vlogueiros no youtube quando dizem que não gostam de abandonar uma leitura. Mas tenho de me juntar a Juliana nesse caso! 

   Chegou a um ponto em que eu me forcei a ler até exatamente metade do livro esperando alguma coisa acontecer que agarraria minha atenção e despertaria uma vontade de continuar a leitura, a cada página era a mesma coisa: "Vou tentar ler até página X para dar uma chance ao livro". Então o que deveria ser um grande prazer se tornou uma tarefa, uma tarefa muito irritante. Não via a hora de terminar logo com o livro. 


   O personagem principal é extremamente envolto em sua competência como mordomo e analisa absolutamente tudo que acontece com esses olhos, tudo que ele faz e pensa é colocado em dúvida, tudo de uma maneira muito inglesa, muito cavalheiresca. Se tornou muito enfadonho para mim ler e reler esses pontos de vista profissionais/submissos do Stevens. Achei a narrativa toda muito demorada, afetada, sem sair do lugar ( só na por volta da página 80 é que realmente acontece alguma coisa mais profundo na história ). 

   Agora, esse não deveria ser o ponto principal, durante a leitura esse modo de contar a história deveria servir apenas como a base para fazer o discurso sobre o afeto entre os personagens e os conflitos em volta da acensão do Nazismo e a vida dos lords ingleses. Mas acontece que para mim, essa escolha da escrita tomou conta de tudo, ao ponto de parecer que eu estava lendo um livro exatamente sobre as afetações de ser um mordomo. Não me conectei com o livro ao ponto básico de conseguir enxergar através da superfície dele.

   Claro que várias pessoas devem se ligar ao livro de maneira diferente, e não quero desencorajar ninguém de começar esse livro caso queiram, afinal ele é aclamado por uma razão.


   Expor esse tipo de opinião sobre clássicos é intimidante, mas sinto de verdade ( e descobri esse sentimento com esse experiência ) que não deve haver vergonha nenhuma de parar com uma leitura que não gera mais prazer, não vou absorver nada dela dessa maneira.


   Opiniões? Revoltas ?

   Um abraço a todos!