Livro: O rei do inverno ( As crônicas de Arthur vol. I )
Autor: Bernard Cornwell - 1944, Inglaterra.
Editora: Record , 544 págs.
O que faz de um homem, homem? É uma das perguntas que me veio a mente durante a leitura de O Rei do Inverno. Esse romance histórico tenta acomodar fato e mito dentro de pouco mais de quinhentas páginas e responder essa pergunta.
A história de Arthur já foi vista de aspectos muito diferentes e são os diversos autores que pouco a pouco vão transformando um mito em lenda. Cornwell não foge dessa mitificação, mas escolhe um caminho totalmente centrado na realidade.
Nimue e Merlin |
A decisão de colocar o leitor nos olhos de um personagem "secundário" ( por não ser o próprio Arthur ) traz um distanciamento do personagem principal da crônica, mas serve para demonstrar genialmente o fato de que Arthur será sempre um mito, contado da boca de um outro alguém, um alguém que nunca poderia de fato conhecer o personagem por completo, alguém que se torna um novo autor.
Cornwell possui um estilo muito direto e descritivo como uma narração detalhada de um cenário, esse estilo não acrescenta muitas surpresas ou lirismo mas ajuda a situar o leitor no ambiente. Essa escrita se alia a narração de diversas batalhas com explicações sobre as formações de ataque e estratégias.
Merlin e Arthur |
Apesar de riscar o fator fantástico de seu livro o autor ainda consegue satisfazer o gosto pelo mistico dos leitores com a motivação religiosa por trás dos fatos, a vida dos guerreiros está entrelaçada a fundo com um druida, um feiticeiro ou uma sacerdotisa. Essa representação das religiões antigas é parte vital na história e recebe tratamento digno, rituais e superstições são ricos.
Existe um certo arrastamento de algumas das histórias individuais, enredos que poderiam ter sido enxugados chegando ao seu clímax mai rapidamente e diminuindo o tamanho geral do volume. Repetições muito constantes de termos e expressões também poderiam ter os mesmos cortes.
Diversos personagens conhecidos das lendas estão no livro: Mordred, Guinevere, Lancelot, Merlin, Nimue, Uther. Suas vidas a serviço da história que Bernard Cornwell quer contar.
A leitura não é feita para gerar reflexões e sim para apreciar a questão de criação da história com os fatores de um passado real, as várias horas investidas trazem uma quantidade grande de novos fatos e informações.
Olha que simpático o autor! |