sábado, 13 de abril de 2013

Impressões: Realidades Adaptadas - Philip K. Dick

Livro: Realidades Adaptadas
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph 2012 ( 303 páginas )





   Quais são as várias realidades pelas quais podemos passar? Qual dessas situações nos  mostram como humanos? Ou ainda, quais delas nos tornam humanos ? E somos realmente humanos afinal de contas?

   Que tal se aventurar no mundo de sua própria memória? Brincar com suas dúvidas e certezas sobre o passado? "Lembramos para você a preço de atacado" é um lema atrativo mas como o autor nos mostra, algumas lembranças foram enterradas por razão muito boas.

   Talvez então um assunto mais profundo? Se não quiser questionar a suas frágeis memorias que tal questionar o próximo? Ah sim, é muito mais fácil apontar dedos, sucumbir a paranoia. Podemos ser enganados muito facilmente, e esses enganos podem custar muito caro. A dificuldade de distinguir o humano do fac-símile levou Philip K. Dick a criar "A segunda variedade", título que pode ser aplicado a diferentes conceitos.

 Mas vamos retornar a atenção de volta a nós mesmo...depois de duvidar de nossas memorias e da humanidade dos outros o próximo passo lógico é duvidarmos de nossa própria humanidade, lendo esse texto, consegue me garantir que você é você ? "O impostor" pode estar a espreita.

    
Agora que colocamos sua existência em xeque vamos começar os processos legais, correto? É claro, não temos provas para a acusação tanto quanto você não tem as de absolvição...mas vamos ordenar uma prisão mesmo assim. Não é mais seguro ser prevenido? Não é mais justo cortar o mal pela raiz, antes que se propague? Em que relatório vamos confiar, no majoritário tao fácil de acatar ou no "Relatório Minoritário" e incerto?

   "O Pagamento" de um serviço bem prestado pela simples ilusão de um prêmio maior.Algumas vezes a prova de sua inocência está nos fatos que parecem irrelevantes, em objetos insignificantes. A verdade é que quando estamos sendo perseguidos só podemos contar com nós mesmo e nossa astucia, nossa visão de futuro. Algumas vezes, para escapar de uma enrascada é melhor trocar

   Mas do que adianta tudo isso? A verdade é que somos frágeis, pequenos e superáveis. Não existe desconfiança ou tecnologia que nos salve de nosso próprio futuro. Tentar pegar as rédias do destino é  negar nossa própria mortalidade, a mortalidade de nossa raça. Estamos fadados a adorar novamente "O Homem Dourado" que cultuávamos antigamente.   

   No final nos submetemos ao destino, ao superior, seguimos nossas vidas enquanto uma "Equipe de Ajuste" molda nossos caminhos para nós, com sorte conseguimos vislumbrar através dos moldes da realidade para voltamos ao começo para duvidar de você, de mim, de todos.

    Essas foram exatamente as sensações que tive ao ler os contos dessa coletânea inédita de um dos mestres da ficção-científica. A dúvida, sempre a dúvida. 

      





PHILIP KINDRED DICK (1928 - 1982 )







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